Você está pensando em comprar um carro em 2020? Então saiba que seu leque de opções ficou um pouco maior. Afinal, agora Brasil e Paraguai têm um acordo de livre comércio automotivo. Atualmente, o Paraguai representa apenas 3% das exportações de veículos brasileiros, com 13 mil unidades por ano.
Desde 11 de fevereiro, quando o documento foi assinado, os carros produzidos por um país têm tarifas menores ou zeradas no outro. O prazo para que isso aconteça, porém, é diferente no Brasil e no Paraguai. Os automóveis paraguaios passam a ter tarifa zero imediatamente por aqui. Já os carros e motos produzidos aqui por enquanto terão taxa de 2% no Paraguai. A ideia é que esse índice vá caindo gradualmente até 2022.
A decisão tinha sido feita em dezembro de 2019, na reunião da Cúpula do Mercosul, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. O Brasil já tem acordos de comércio de carros sem tarifas ou com tarifa muito baixa com a Argentina (desde 2019) e o Uruguai (desde 2015). Até o início de fevereiro, a legislação brasileira proibia que os cidadãos comprassem automóveis no Paraguai e o dirigissem normalmente sem que passassem pelo processo formal de importação.
Essas novas condições visam à adaptação ao regime geral do Mercosul, que prevê tarifas externas comuns em 11 níveis. As alíquotas variam de 0% a 20% e valem para diversos tipos de mercadorias. Além disso, o Paraguai também vai revisar a política nacional de importação de veículos para seguir as diretrizes do Mercosul e cuidar questões de sustentabilidade e segurança.
Comércio automotivo no Mercosul
A estimativa é de que o Paraguai importava cerca de 70 mil carros usados por ano (muitos vindos da Ásia e dos EUA), deixando de comprar carros novos de montadoras. Esse acordo também foi motivado por elas para que o país começasse a comprar automóveis direto de fábrica. Antes, o Paraguai permitia a importação de carros de outros países com até dez anos de uso.
O comércio de automóveis entre Brasil e Paraguai vem crescendo na última década, impulsionado também pela importação de chicotes elétricos. Em 2019, o Brasil exportou US$ 415 milhões para o Paraguai e importou US$ 235 milhões em produtos desse setor. Pelo Twitter, no dia 11 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro disse que esse acordo vai resultar em maior produção e mais empregos no setor.
Há alguns meses do acordo com a Argentina, os carros brasileiros estão em queda no país. A Argentina vive uma crise e está comprando menos carros do Brasil. Em 2019, a exportação de automóveis brasileiros caiu 31,9%.
Comércio de carros sem tarifas é visto como positivo
A associação de montadoras (Anfavea) vê o acordo como positivo. Em entrevista ao G1, o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, disse: “Nós defendemos mais acordos, com mais países, porque isso aumenta a competitividade de exportação da indústria, e também de importação. O mercado paraguaio é pequeno, mas é benéfico para conseguirmos mais negócios”.
Em setembro do ano passado, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse que Brasil e Paraguai “vivem um momento de grande convergência de políticas e de visão de mundo. Estamos em um momento ideal para colocar em prática uma política estratégica para Brasil e Paraguai”.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Antônio Jorge Martins, coordenador do curso de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que “o grande aspecto desse acordo é a abertura cada vez maior da pauta de exportações do Brasil com relação ao setor automotivo, que vem se ampliando de forma significativa, no sentido de fazer frente aos altos e baixos da economia brasileira”.
Produção de carros no Brasil
Esse acordo de comércio de carros sem tarifas pode dar um ânimo para a indústria automotiva do Brasil, que teve uma queda de produção de 3,9% em janeiro de 2020, em comparação com janeiro do ano passado. A estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de que a venda de carros diminua nos próximos anos devido a diversas questões, como a economia compartilhada e a preocupação com o meio ambiente.
Na Índia, a venda de carros caiu 14% entre 2018 e 2019, assim como na China esse número reduziu 12%. Por outro lado, as montadoras correm para investir no desenvolvimento de carro elétricos, que são uma nova demanda do mercado.
Em 2013, o Brasil fabricou mais de 3 milhões de carros, tendo os números diminuído gradativamente após aquele ano. O novo acordo faz parte do projeto do governo de voltar a esse patamar de produção até 2023. No país, esse setor emprega atualmente cerca de 130 mil pessoas, registrando queda de 1,8% entre 2018 e 2019.
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